quarta-feira, 24 de abril de 2013

Cyberpunk: Fronteiras

Gosto de brincar que sou o "Último mestre" de cyberpunk 2020 vivo. Mentira deslavada, eu sei, mas certamente sou o blogueiro que mais posta coisas em português para  o sistema.

Sou fã das idéias cyberpunk muito antes de sequer saber que levavam este nome.

Cresci assistindo "O Homem de 6 Milhões de Dólares", na parte "cyber" do troço, gostava de filmes Noir, na parte estética,  e era um pouco "punk", pelo menos no que diz respeito a contestar "autoridades", ainda que no caso fosse uma professora linha-dura na segunda série.
Seja como for, só vim a realmente entender o que esta junção de palavras em um nível mais filosófico e literário-cinematográfico com o tempo (aliás, ainda tento entender um ou outro conceito, às vezes).

Oyutra de minhas paixões antigas era o RPG, que, infelizmente, só consegui jogar aos 19 anos, mas, felizmente, a minha primeira mesa "de verdade" já foi, de cara, Cyberpunk 2020.

Cyberpunk , também chamado de "o movimento", diz respeito a uma série de idéias sociais, artísticas e de atitude com relação a um mundo ao mesmo tempo "apequenado" pela facilidade de comunicação e acesso à informação entre as pessoas e tecnologia, mas também de um mundo agigantado, pois traz um pouco uma certa sensação de que somos "somente mais um" na multidão de bilhões de pessoas e em uma enxurrada de idéias.

Cyberpunk fala sobre altíssima tecnologia, consumo, novas percepções sensoriais e relacionais entre as pessoas, não em um futuro de alguns séculos distante, mas sobre décadas, de um tempo-espaço mensurável em uma, no máximo duas gerações (há exceções).

Também discute o que significa ser humano, o que realmente quer dizer, afinal, "identidade", livre-arbítrio e vontade.

A principal dicotomia de Cyberpunk é, no meu entender, não a econômica (ricos x pobres), mas sobretudo é um discurso sobre  o corpo, sobre  o que é natural e  o que não é, e a diferença entre informação e conhecimento a respeito das coisas. Cyberpunk é visceral, ainda que as entranhas, aqui, sejam feitas, muitas vezes, de material clonado em laboratório, ou de plástico e cobre.

Cyberpunk é um excelente cenário de RPG exatamente porque permite um olhar pessoal e diferente para os possíveis desdobramentos de cada tecnologia, cada ação social e econômica, e cada idéia cultural. Como as novidades envelhecerão nos ´próximos anos, e  o que será perecível ou permeado de novos significados.

Venha se deslumbrar, mergulho do topo de um arranha céu climatizado direto na multidão de bilhões de pessoas. Venha ser um cyberpunk.

3 comentários:

  1. Cyberpunk é um dos meus temas favoritos e, infelizmente, um que nunca pude explorar a fundo em meus jogos (com exceção de Mage, que não é bem cyberpunk).
    Até preparei um cenário distópico para nWoD, mas ainda não pude usar.

    ResponderExcluir
  2. Meus parabéns pela sua matéria. Sou um apaixonado pelo gênero cyberpunk, e é muito bom ver pessoas que valorizam e agregam informação sobre esse conceito.

    ResponderExcluir
  3. Essa descrição foi muito boa, sempre que puder, poste mais material no blog, tenho um wordpress dedicado ao cyberpunk tbm https://cyberculturabr.wordpress.com/

    ResponderExcluir