terça-feira, 7 de maio de 2013

Mãe Só Tem Uma? (Ciranda de Blogs - maio 2013)

Respondendo ao chamado do blogueiro Diogo Nogueira (Pontos de Experiência), que teve a boa idéia de criar a "Ciranda de Blogs", here we go!

O tema do mês é MÃE! e há várias opções para se falar de "maternidade" e afins em cyberpunk. Em vez de escolher um tema em si para atrelara "Mãe Alheia", preferi falar sobre  o assunto de acordo com as idéias que fossem surgindo.

Oh Mama!
Começo falando brevemente de "Matrix", que é o termo usado em locais como "Neuromancer" , no RPG Shadowrun e na trilogia de filmes "Matrix" para definir a rede.

Matrix, segundo uma das explicações, além de sua similaridade com "Matre" (mãe), seria uma deusa romana ligada à fertilidade (não encontrei uma fonte coniável, então fico devendo uma até achar). E é, no universo cyberpunk, uma verdadeira matriz de problemas de onde diversas ameaças (e soluções) surgem.

O conceito de cyber-espaço, a "matrix", é uma das pedras fundamentais na literatura e ambientação cyberpunk. Ela cumpre  função similar a das drogas, como expansão da conciência, nos movimentos culturais anteriores, como Beatnik, onde o LSD cumpria a função de "portal para uma nova percepção da realidade" citado por Huxley. Um vício constante em cyberpunk, aliás, é o de se plugar nesta realidade nova e "mais que perfeita" se relacionada ao Mundo Real.

Outra possibilidade é a de se discutir genética e "paternidade" aqui. As sociedade cyberpunk tendem a ser locais onde a familia como a que ainda conhecemos não existe mais. Familias "nucleares", alias, só se forem a de mutantes radiotivos morando perto do local de uma usina atômica abandonada, no máximo.

A discussão faz muito sentido, uma vez que em cyberpunk a questão da identidade é fundamental. Por mais que vivamos "em uma sociedade patriarcal", etc etc, é  o feminino o que nos define. Primeiro, não apenas somos "mamíferos" , mas "selecionados" como um tipo de espécie onde a prole é cuidada com extremo cuidado, um papel (sacanagem com os pais) associado principalmente às mães, amamentação etc (ou a foto da bela Monica Bellucci não seria tão atraente), definidos pelo leite e pela estratégia "K" (procurem Estratégia K e Estratégia R em biologia, um dia falo disso).

Socialmente nossa identidade passa pela mãe que tivemos, e por isso sua figura é tão sagrada. Se somos mimados somos "filhos da mamae", se sacanas, "filhos de uma puta", se bem bonitos é porque "mamae passou açucar em mim", e , se falamos palavrão nos perguntam se "sua mae não te deu educação?".

Em termos gerais, raras são as crianças que crescem com um pai e uma mãe, no modelo clássico , ou mesmo dois pais ou duas mães. Na verdade, ou as crianças são criadas "soltas" pelas ruas, em um verdadeiro processo de sobrevivência do mais apto, ou são criadas em comunidades, em conjunto com outras crianças, em uma diminuição formal do papel clássico de pai e mãe.
Os Nômades, de cyberpunk 2020, por exemplo, tem na segunda estrutura um modelo mais próximo de criação. Os filhos são filhos tanto da comunidade quanto dos pais biológicos, e isso fortalece vínculos entre eles, etc. Este modelo de criação, aliás, tende a ser um contra-ponto aos modelos de criação "pais ausentes" muito comum em Cyberpunk, como proposta mais saudável do que simplesmente deixar o filho ser criado nas ruas ou por uma maquinha brilhante na fuça.

Seja como for, o papel clássico da mãe, aqui, é diminuído sensivelmente, o que é de certo modo bom, pois permite que outros modelos de sociedade surjam a partir disso.
Seria interessante pensar como conceitos clássicos de desenvolvimento de personalidade se transformariam em uma ambientação assim. Por exemplo, o "Edipo" Freudiano, a figura primerva de amor incondicional poderia ser associada a uma máquina? Que tipo de neuroses específicas uma relação afetiva um tanto desigual e fria poderiam surgir a partir disso? Que tipo de relação pessoal seriam vivenciadas a partir deste tipo de ligação, que tipo de fetiche pela tecnologia, e que tipo de modelo de identidade seriam comuns e incomuns aqui?
Meu chute é que em cyberpunk, assim como já ocorre em nossa sociedade, que as relações sociais passariam por um processo um pouco mais narcísico e superficial, onde a ética pela estética (o visual de uma atitude pode contar mais do que a atitude em si), e uma certa incapacidade de relações mais duradouras poderiam advir disso. De novo fazendo eco em Aldous Huxley, mas desta vez em "Admirável Mundo Novo", onde uma pessoa sair com outra mais do que um par de vezes é que seria esquisito.

Um fator a ser explorado em termos de maternidade são os "filhos do tubo de ensaio", igualmente. A genética e a tecnologia de manipulação de embriões podem, sem dúvida, serem ainda mais comuns no futuro. Tanto em termos de pais escolhendo "exatamente" o que querem de seus filhos em termos genéticos (Gattaca e "Ender´s Game")quanto supersoldados criados ou indivíduos criados como um pouco mais do que um objeto (Nova trilogia Star Wars e seus clones são um exemplo disso, mas Blade Runner já explorava essa possibilidade 20 anos antes disso).

E, por fim, o LÚDICO:
Billy idol - Mother Dawn - Cyberpunk
O vídeo (que o youtube só libera assistindo lá, desculpem) faz parte de um excelente album do cantor e tem algumas curiosidades:
Primeiro, foi um album feito totalmente em computador. Algo corriqueiro hoje em dia, mas muito incomum em 1993, 20 anos atrás. O CD original tinha ainda um aruivo que poderia ser lido em um "super avançado multimídia" com imagens e afins em um computador.

Estranhamente, no entanto, apesar de boas musicas e trechos do "Manifesto Cyberpunk" aparentemente Tio Billy não sabia picas sobre cyberpunk e passou vergonha em algumas entrevistas. Nisso que dá ficar imitando o Supla, hehehe. Recomendo o album, de qualquer modo, mas para ficar no tema, quem quiser pode ler a letra da musica aqui: LETRA 

Abraços a vocês, seu bando de filhos de chocadeira!

Tio Magister.

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