Um marco daquele período, o filme mostrava, dentro da casa de mais de 100 milhões de americanos, algumas das consequências desastrosas de um confronto nuclear.
Os romances "pré-cyberpunk" do início da década de 80 falavam, com alguma frequência, dos temores de confrontos nucleares, nas vertentes pós-apocalipticas, e os desertos entre cidades em ruinas era uma visão de um mundo devastado comum nas imagens sugeridas.
"Damnation Alley", livro de Roger Zelazny, que virou um filme (alias, infelizmente bem ruim) em 1977, precursor do mais famoso e conhecido filme "Mad Max" foi um dos principais livros do período e merece ser revisitado.
A verdade, no entanto, era mais assustadora, e nada tinha a ver com insetos gigantes.
O livro "O Inverno Nuclear" , escrito por ninguém menos que Carl Sagan, junto com outros autores, trazia uma perspectiva assutadora sobre uma guerra nuclear, a de um brusco resfriamento da superficie do planeta, jamais contestada, e causada pelo enorme montante de poeira levantadas a partir das explosões.
Mais assustador, não apenas o arsenal mundial de armas atômicas era capaz de fazer isso uma vez, como seria o suficiente para fazer isso mil vezes.
Havia, entre muitas crianças, e mesmo adultos, uma espécie de síndrome ligada a ansiedade ligada ao temor de que um confronto virasse realidade, e isso em uma década onde medos como o de uma pandemia causada pelo HIV, não era pouca coisa.
O que se fez, então, foi se realizar, em pleno governo de
Ronald Reagan, um filme que mostrava que o uso de Bombas daquele porte eram incompatíveis com a possibilidade de vida posteiror, ainda que seguida por alguns anos (ou meses) aterrorizantes.
Câncer, cegueira, fome, abortos, destruição, poeira radioativa entrando em todos os poros, e o inverno nuclear se formando são uma perspectiva mais assustadora do que qualquer ficção.
O filme foca principalmente na história de uma família de fazendeiros e em um médico, Dr. Russell Oakes (o ator veterano Jason Robards) e a impotência do homem comum de impedir o caos que se seguiu.
Ao final do filme os produtores avisavam que o filme até "pegava leve" com a cena, porque a certeza era a de uma guerra nuclear seria ainda mais devastadora e sofrida.
E não, não acho que dessa vez vá acontecer o pior, mas é uma possibilidade que, agora ou em 100 anos, isso ocorra, e é necessário que as pessoas não se esqueçam da ameaça a vida que este tipo de confronto pode gerar.
Um bom vídeo ilustrativo sobre como o tema ainda merece mais atenção do que tem recebido é este abaixo, e recomendo fortemente que seja visto.
Outro vídeo, curto, traz imagens de algumas das lesões em vitimas japonesas do bombardeio de Hiroshima.
Multipliquem e multipliquem os efeitos com bombas mais modernas, lembrando que os efeitos da radiação chegariam até mesmo aqui, na América do Sul, e em questão de dias.
Sou da opnião de que este filme deveria ser matéria obrigatória em escolas e refilmado a cada 20 anos, pelo menos, porque a possibilidade de uso de armas atômicas não foi uma moda passageira.
Ao contrário, temos agora, um confronto geo-político envonvendo Russia e EUA sobre a respeito da Síria, por exemplo, agora em 2013, que revive os fantasmas da "guerra fria" com toda a pompa.
Por mais que goste de literatura do estilo "pos-apocaliptica", prefiro viver isso nos livros e nos filmes, e não no quintal, pois não?
Para quem nunca assistiu, recomendo. Infelizmente.
Brega Presley
Ps:
O Heder Honório me recomendou um chamado "Therads", que desconhecia.
Repasso e vou assistir. Segundo ele, esta produção britânica faz "The Day After" parecer Mary Poppins.
Ótima matéria! Esse filme ainda me impressiona hoje, aos 32 anos, tanto quanto o fez na primeira vez, aos 14. Ele realmente é um enorme alerta que deve sempre e sempre ser declarado e renovado, afinal trata-se de uma questão que realmente coloca em jogo o destino da humanidade.
ResponderExcluirSó faltou mencionar o sucessor espiritual de The Day After, o britânico Threads (que aqui no Brasil chegou a sair como "Catástrofe Nuclear"), que parte do mesmo princípio, mas focado no ataque a uma cidade britânica, e mostrando o desmantelamento da sociedade por um período de tempo mais prolongado, coisa de 20, 30 anos. Uma decisão tomada em um único momento resultando na morte lenta, irreversível e dolorosa de todo o gênero humano... Medonho!
Fala Heder. Incluído e acrescentado. Vou fazer uma postagem com uma listona de filmes soimilares e incluir tua sugestão, também.
ResponderExcluirAbraços