O autor conhece muito sobre o assunto de liberdade civil e digital, e constrói um bom livro
(Outro bom livro dele é "Cinema Pirata", mas sob vários aspectos ambas as histórias ficam repetitivas em termos de estrutura narrativa).
Uma das coisas que salta aos olhos no livro é perceber como esta realidade não é improvável: basta ver os relatos de parte das pessoas que vão a manifestações - a própria greve de professores recente aqui no Rio, e as ações tomadas pela polícia nestes casos, com a boa e velha conivência de parte da iomprensa sobre muito do que rola de fato nestas situações.
Vivemos em um estado constante de ameaça a direitos civis- direitos estes que não são simplesmente definidos pelo voto. Ao contrário, o voto é a forma mais "civilizada e pacífica" da luta por direitos civis, mas é também a mais inútil se for deixada por si só.
Votar em um candidato que se diga comprometido a esta ou aquela causa de nada adianta se não existirem eleitores - e cidadãos - comprometidos com uma cobrança e empenhados em fazer notar quando e o quanto discordam e se preocupam com esta ou aquela política pública.
(Não achei um trecho melhor, mas lembram da cena do
governo decendo o sarrafo na população de Neo Tokio?)
Assim, não é de se espantar que o novo Robocop tenha uma pegada mais política que o antecessor, já que o josé Padilha conhece as entranhas da policia (e da política)brasileira como poucos diretores.
Meu medo, enquanto fã dos filmes originais (os dois primeiros, que o terceuiro é muito ruim)sempre foi a do novo filme perder sua essência ácida e crítica.
Menos violência, em si tende a representar um filme 'para crianças", por dizer assim, com uma trama mais plana e banal.
Ao mesmo tempo, um filme que não dependa da violência para se vender, mas se mantenha sério em sua proposta, é ainda melhor.
Ao que parece, o novo Robocop é uma releitura que segue, felizmente, a segunda tendência. Tem critica de valores e costumes sem ficar pausterizado nesse tipo de coisa.
Se Padilha conseguiu driblar de fato a maquina da mesmerisse hollywoodiana, só vou ter certeza quando assistir o filme, mas a critica que o pessoal do "Melhores do Mundo" mandou é bem positiva neste sentido e espero poder concordar quando finalmente assistir ao filme, no ano que vem.
Vamos ver.
Enquanto nós, pobres mortais, aguardamos, sugiro a leitura de "Pequeno Irmão" e de literatura cyberpunk dos anos 80 e mais recente, como "Rainbows End" de Vernor Vinge para pensar sobre o tema.
Também recomendo, fortemente "Futuro Esquecido: A Recepção da Ficção Cyberpunk na américa Latina" - de Rodolfo Rorato Londero sobre o assunto (este último é um texto mais denso e só recomendo para quem tbm gosta de cabecices, mas é bem interessante).
Nenhum comentário:
Postar um comentário